Uma era marcada pela hiperconectividade e pela avalanche diária de informações muitas delas distorcidas, incompletas ou abertamente falsas. Nesse contexto, o jornalismo político assume uma importância estratégica e vital para a democracia, pois atua como ponte entre os cidadãos e as engrenagens do poder. Não se trata apenas de informar quem venceu uma eleição ou qual projeto de lei foi aprovado, mas de interpretar os rumos do país e fiscalizar, com independência, aqueles que ocupam cargos públicos.

O bom jornalismo político não deve se curvar ao espetáculo nem aos interesses de grupos econômicos ou partidários. Ele existe para questionar, provocar reflexão, denunciar abusos e revelar os bastidores que afetam diretamente a vida das pessoas. Em um país como o Brasil, onde a política influencia de maneira direta os direitos sociais, os preços dos alimentos, os serviços públicos e até a liberdade de expressão, o papel do jornalista político é tanto técnico quanto ético.

A crise da credibilidade enfrentada por diversos setores da mídia também atinge o jornalismo político, justamente porque esse campo lida com o que há de mais sensível: o poder. Porém, é justamente nesse ambiente de desconfiança que se torna ainda mais urgente a presença de profissionais sérios, comprometidos com a verdade, que saibam separar opinião de fato e resistam à tentação do sensacionalismo.

Não é possível falar em cidadania plena sem acesso à informação política de qualidade. Quando a imprensa investiga os gastos públicos, expõe acordos obscuros ou esclarece o conteúdo de uma medida provisória, está cumprindo sua função social e fortalecendo a democracia. A população só pode cobrar com consciência quando compreende o que está sendo feito em seu nome.

A importância do jornalismo político, portanto, vai além da cobertura factual. Ele educa, forma opinião, amplia o debate público e atua como contrapeso ao poder. Em tempos de populismo, ataques às instituições e manipulação digital, jornalistas políticos sérios tornam-se ainda mais necessários. Não para agradar ou agradar-se, mas para cumprir um dever: o de informar com coragem, clareza e responsabilidade.

por Monica Vernechi