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Pedra Bela,02/09/2025

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Monica Vernechi

Entre Fragmentação e Reequilíbrio: a Ciência Política das Nações


Entre Fragmentação e Reequilíbrio: a Ciência Política das Nações

No espaço imenso da geopolítica contemporânea, 2025 se anuncia como um ano de paradoxos: um mundo fragmentado, ao mesmo tempo que tenta se reerguer pela cooperação. A ciência política entre nações encontra-se no centro desse labirinto, forçando repolítica e reconfiguração estratégica sem precedentes.

Geoeconomia em ebulição. A lógica econômica tornou-se arma geopolítica. Tarifas bilaterais e sanções são agora ferramentas centrais na disputa global  e estão no topo dos riscos identificados pelo Fórum Econômico Mundial. O protecionismo e as tensões comerciais, especialmente entre EUA e China, ameaçam provocar uma desaceleração econômica generalizada. A fragmentação entre "Eixo Ocidente" e "Eixo Oriente" desloca o mapa da política internacional para blocos rivais.

Ascensão de eixos autoritários e novos pactos regionais. A “Alliance of Upset”, ou "Eixo da Turbulência", junta regimes como China, Rússia, Irã e Coreia do Norte em uma cooperação pragmática militar, tecnológica e diplomática  contra o sistema internacional liderado pelos EUA. Por outro lado, na Europa, cresce o Weimar+, uma aliança com foco na autonomia estratégica e apoio militar à Ucrânia sem depender unilateralmente de Washington.

Crises regionais fervem, risco nuclear paira no ar. Israel, Irã, e as tensões do Golfo moldam um Oriente Médio quase à beira do colapso, com ataques de drones às instalações petrolíferas sauditas colocando o barril a patamares alarmantes. Na Ásia, a delicada Coreia do Sul e o Atlântico Norte sofrem pressão com gastos em defesa e novas alianças estruturando-se com rapidez. O mundo parece marchar para uma era de balanças e contrapesos regionais intensificados.

Emergência digital e inteligência artificial nas decisões internacionais. A corrida tecnológica é o novo campo de batalha. Estados como EUA e China disputam supremacia em IA e semicondutores  ao mesmo tempo que gigantes de tecnologia ameaçam suplantar governos em influência, criando o que alguns chamam de “oligarquias digitais”. A urgência de regulação, controle e cooperação internacional cresce exponencialmente em um ambiente onde a programação pode reger o destino de nações.

Arcticização e nova geopolítica dos recursos. O Ártico, antes zona de cooperação, tornou-se palco de militarização e rivalidades. A Rússia reforça sua presença e reativa bases da era soviética, enquanto a China vislumbra uma “Rota Polar da Seda”. Controle de recursos naturais e rotas estratégicas elevam a região ao posto de geopolítica crítica.

Crises diplomáticas e tensão sistêmica. Na Ásia meridional, a crise entre Índia e Paquistão em maio de 2025 trouxe o planeta para um breacher de guerra nuclear encerrado temporariamente com um cessar-fogo em 10 de maio. Já o acordo promovido pelos EUA entre Armênia e Azerbaijão visando o corredor de Zangezur expôs nova faceta da disputa de influência no Cáucaso

A falência humanitária como sintoma do liberalismo em crise. O Sudão exemplifica o esvaziamento de valores do liberalismo: guerra civil, fome, deslocamentos massivos e neutralidade internacional revelam a fragilidade das normas internacionais e humanitárias em regiões que já foram consideras periféricas do sistema global.


A ciência política de 2025 não caminha em direção à consolidação de um único polo ao contrário, acentua o multipolarismo, o retorno das guerras por procuração e a digitalização das disputas. Entre a diplomacia tradicional e o poder das grandes corporações tecnológicas, o campo político se abre para novos cenários: do Ártico aos chips, da caridade à guerra por recursos.

No entanto, há esperança: o reforço de alianças regionais como resposta a políticas unilaterais e o debate sobre governança da tecnologia ainda oferecem caminhos para reconectar nações fragmentadas. Mas isso exige coragem política e urgência de visão global, e a pergunta que fica é: teremos essa urgência enquanto o mundo ainda se fragmenta?



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