Rubens Bernardo Tomas

Quantos são?

Quantos são e por que esse número importa
Segundo estimativas da International Lesbian, Gay, Bisexual, Trans and Intersex Association (ILGA), cerca de 50 milhões de africanos não são heterossexuais . Este valor representa aproximadamente 4 % a 5 % da população do continente (que totaliza cerca de 1,3 bilhão de pessoas), reconhecendo, porém, que muitos permanecem invisíveis pela estigmatização institucional e social.
Em países específicos, há estudos mais detalhados: na Nigéria, onde atos homoafetivos são criminalizados, estima-se entre 15 e 20 milhões de pessoas LGBTQ+. Na Quênia, a Gay & Lesbian Coalition of Kenya projeta cerca de 1,3 milhão de pessoas LGBTQ+ .
Esses números não são exatos refletem subnotificações e coletivos invisibilizados por leis repressivas. Ainda assim, eles desafiam narrativas que veem a presença LGBTQIA+ como coisa “importada” ou “anormal”.
📰 Crítica social: invisibilidade estrutural e lei
É emblemático que, apesar de milhões viverem com essas identidades, 31 dos 54 países africanos ainda criminalizam a homossexualidade, e leis pesadas persistem incluindo prisão, caning, e até pena de morte em alguns estados do Norte da Nigéria e Somália .
No caso extremo de Uganda, desde 2023 vigora uma lei que prevê a pena de morte para a “homossexualidade agravada” e até 20 anos de prisão para promoção de direitos LGBTQ+
Mesmo em países onde a homossexualidade foi descriminalizada como Rwanda, Senegal, Gabão ou Costa do Marfim os direitos civis e sociais permanecem precários. O medo de perseguição impede que muitas pessoas assumam sua orientação ou identidade com segurança.
🧭 Reflexão opinativa sobre os desafios
A invisibilidade não apaga a realidade. Aqueles 50 milhões que habitam esse continente alguns em liberdade jurídica, outros na clandestinidade vivem sob a ameaça da discriminação, da violência institucional e social, e da negação de serviços básicos como saúde, emprego e justiça .
Essa negação afeta principalmente pessoas trans e intersexo, cujo reconhecimento legal é permitido em apenas 4 países africanos . A crise de acesso a tratamento contra HIV, atendimento psicológico e apoio às vítimas de violência agrava-se quando o usuário esconde sua identidade por medo de ser enquadrado na lei.
É necessário entender que essas leis não visam apenas criminalizar atos, mas erodir a humanidade das pessoas LGBTQIA+, tornando-as invisíveis ou descartáveis perante a sociedade. Isso alimenta a ideia de que ser LGBTQIA+ é uma “anomalia”, reforçando discursos de ódio e desinformação.
✅ Conclusão: reconhecimento, resistência e mudança
Contar essas pessoas importa para tirá-las da sombra legislativa, dar visibilidade política e justificar investimentos em direitos básicos. É um passo essencial para:
pressionar por leis antidiscriminação;
permitir o acesso a serviços de saúde específicos;
proteger pessoas LGBTQIA+ de violência e exclusão.
A verdade é clara: por mais que as elites políticas tentem apagar milhares de vozes, os LGBTQIA+ existem e resistem, até nas regiões mais hostis. Defender seus direitos não é importar valores de fora é reconhecer que milhões de africanos estão aqui, deixando claro que negar sua existência é negar parte da realidade do presente.
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