Rubens Bernardo Tomas

Pink Money: quando o lucro fala mais alto que a causa

Pink Money: quando o lucro fala mais alto que a causa
Nos últimos anos, o termo “Pink Money” (ou “dinheiro rosa”) ganhou destaque nas campanhas publicitárias, especialmente durante o mês do orgulho LGBTQIA+. Marcas, empresas e instituições passaram a estampar bandeiras coloridas em seus produtos, propagandas e vitrines. No entanto, por trás dessa estética inclusiva, surge uma pergunta incômoda: quem realmente se beneficia disso?
O Pink Money representa o poder de consumo da população LGBTQIA+, que movimenta bilhões anualmente no mercado global. De olho nesse potencial econômico, muitas empresas adotaram um discurso de apoio à diversidade. Mas esse apoio, na maioria das vezes, não ultrapassa a superfície do marketing. É o chamado "marketing de causa", que se apropria de uma pauta social legítima apenas como estratégia para aumentar vendas sem compromisso real com a luta por direitos e igualdade.
São raras as marcas que, de fato, investem em políticas de inclusão no ambiente de trabalho, apoiam projetos sociais voltados à população LGBTQIA+ ou se posicionam de forma clara diante de ataques a essa comunidade. Muitos desses mesmos conglomerados que vestem o arco-íris em junho, durante o resto do ano, continuam financiando políticos e campanhas que atuam contra os direitos humanos e a diversidade.
Ou seja, Pink Money não beneficia absolutamente nada quando não há retorno concreto para a comunidade que sustenta esse consumo. É uma contradição ética e política: a imagem da diversidade é usada como vitrine, mas os corpos reais, as vidas e os direitos continuam invisíveis nas decisões e ações.
O desafio é transformar essa crítica em ação. Cobrar coerência, transparência e compromisso real das marcas e instituições é um passo fundamental. Ser aliado da causa LGBTQIA+ não é uma campanha publicitária, é um compromisso contínuo. Não basta colorir logotipos: é preciso investir em políticas, apoiar lideranças LGBTQIA+, dar espaço, oportunidade, visibilidade e segurança.
Enquanto o Pink Money for apenas uma moeda de troca publicitária, continuará sendo apenas isso: dinheiro rosa, mas esvaziado de sentido social.
Quem está lucrando com isso?
por Rubens Bernardo Tomas
COMENTÁRIOS