Turismo em risco: a trágica morte de Juliana Marins expõe o despreparo da Indonésia para receber visitantes
Turismo em risco: a trágica morte de Juliana Marins expõe o despreparo da Indonésia para receber visitantes
Por mais que as paisagens exóticas da Indonésia atraiam milhares de turistas todos os anos, o país está longe de oferecer uma estrutura segura e responsável para quem o visita. A recente morte da brasileira Juliana Marins, após sofrer um grave acidente durante a descida do vulcão Ijen, escancarou o que muitos viajantes enfrentam em silêncio: a negligência e o abandono em situações de emergência.
Juliana caiu em uma trilha turística conhecida, guiada por profissionais locais, e esperou por atendimento médico que nunca chegou. Levou mais de quatro horas até que alguém a transportasse em uma moto improvisada. Não havia ambulância, socorristas preparados ou protocolos de emergência. A jovem, com múltiplas fraturas, não resistiu. Morreu longe de casa, por falta de um direito básico: socorro.
Infelizmente, esse caso não é isolado. Apesar de seu apelo turístico global, a Indonésia falha em prover o mínimo de infraestrutura em áreas populares como Bali, Java e Lombok. Atrações de risco, como vulcões e trilhas, continuam sendo exploradas comercialmente sem oferecer segurança adequada, equipamentos de emergência ou instruções básicas aos visitantes. O turismo cresce, mas o investimento em suporte e segurança não acompanha esse avanço.
O que aconteceu com Juliana deveria ser um ponto de virada. Não é apenas uma tragédia pessoal, mas um alerta para governos, operadores turísticos e embaixadas: é preciso exigir mais responsabilidade. Turistas não podem ser tratados como meros números em estatísticas econômicas, mas como vidas humanas que precisam ser protegidas.
É hora de repensar o turismo em destinos paradisíacos que, por trás da beleza, escondem estruturas frágeis e omissas. A morte de Juliana Marins não pode ser em vão.
Imagem By Kanenori
Análise dos riscos em trilhas na Indonésia: entre o turismo de aventura e o abandono
A Indonésia é um dos destinos mais procurados do sudeste asiático para o chamado turismo de aventura, com trilhas em meio a florestas tropicais, escaladas em vulcões ativos e passeios por áreas de biodiversidade única. No entanto, essa busca por experiências imersivas e desafiadoras esbarra em um problema grave: a falta de estrutura, fiscalização e protocolos de segurança adequados nas trilhas e atividades ao ar livre.
A seguir, uma análise dos principais riscos enfrentados por turistas que se aventuram por esses caminhos:
1. Ausência de socorro médico e resgate emergencial
Na maioria dos parques e trilhas, especialmente nos vulcões como o Ijen, Bromo ou Rinjani, não há presença constante de equipes de resgate treinadas. Telefones celulares raramente funcionam, não existem postos médicos próximos e, em caso de acidentes, o resgate pode levar horas ou sequer acontecer como foi o caso trágico de Juliana Marins.
2. Guias não regulamentados e sem preparo técnico
Muitos turistas contratam guias locais sem formação técnica em primeiros socorros, segurança em altitude ou navegação. A regulamentação é fraca, e o turismo informal predomina. Guias são, muitas vezes, pagos por comissão, o que incentiva o volume de grupos, e não a segurança de cada turista.
3. Infraestrutura precária
Escadas improvisadas, trilhas mal sinalizadas, ausência de iluminação e áreas perigosas sem proteção são comuns. Em muitos casos, o investimento em infraestrutura é mínimo, apesar da cobrança de taxas para entrada nos parques. O foco está em atrair turistas, mas não em garantir sua proteção.
4. Riscos naturais agravados por negligência
Vulcões em atividade, deslizamentos, variações bruscas de temperatura, gases tóxicos e chuvas intensas são riscos naturais conhecidos na região. No entanto, falta monitoramento efetivo e alertas claros para visitantes. Há relatos de turistas escalando vulcões mesmo com sinais de atividade recente.
5. Desinformação e falta de orientação
Visitantes recebem poucas ou nenhuma instrução sobre os riscos antes das trilhas. Em alguns casos, nem mesmo há placas de sinalização nos trajetos. A ausência de campanhas de conscientização deixa os turistas à mercê da própria sorte ou da sorte dos outros.
Conclusão
Embora trilhas na Indonésia ofereçam paisagens impressionantes e experiências marcantes, o cenário de segurança é alarmante. Casos como o de Juliana Marins não são acidentes imprevisíveis são consequências diretas de um sistema que prioriza o turismo de massa sem responsabilidade.
Para quem planeja viajar ao país, é essencial buscar empresas confiáveis, verificar se há seguro de saúde com cobertura para esportes de risco, e entender os trajetos antes de se aventurar. Já para as autoridades indonésias, é urgente implementar políticas de segurança, fiscalização e suporte médico. O turismo responsável deve ser uma via de mão dupla: quem visita deve estar consciente dos riscos, mas quem recebe precisa garantir o mínimo necessário para preservar vidas.
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