A posição do governo alemão na conjuntura geopolítica de 2025

O segundo semestre de 2025 começou com um reposicionamento claro da Alemanha no tabuleiro da política internacional. Enfrentando uma Europa ainda dividida entre tensões externas como o prolongado conflito Rússia-Ucrânia  e desafios internos como a instabilidade política em Estados-membros o governo do chanceler Olaf Scholz decidiu reforçar o protagonismo alemão no cenário global por meio de diplomacia ativa, defesa da ordem multilateral e fortalecimento da União Europeia.

Neste momento, Berlim se torna um dos principais articuladores de um novo pacote de sanções econômicas contra a Rússia, o 18º desde o início da guerra. A Alemanha também lidera um movimento para criar um fundo europeu de defesa, buscando reduzir a dependência militar do continente em relação aos Estados Unidos cuja política externa atual sob Donald Trump é vista como imprevisível e comercialmente agressiva.

Além disso, a Alemanha aposta na reindustrialização verde, promovendo acordos energéticos com países como Brasil, África do Sul e Indonésia  ampliando a influência alemã no Sul Global e aproximando-se de nações do BRICS em áreas estratégicas como o hidrogênio verde.

No campo interno, o governo busca combater o avanço da extrema-direita  impulsionada pelo crescimento do partido Alternativa para a Alemanha (AfD)  reafirmando o compromisso com os direitos humanos, a política de acolhimento migratório e a democracia liberal.

Diante da escalada do protecionismo, da fragmentação da ordem mundial e do retorno das grandes potências à lógica da força, a Alemanha reafirma sua vocação: ser um pilar de equilíbrio, diálogo e reconstrução multilateral.

Em um mundo polarizado, a postura alemã poderá ser um dos fatores determinantes para o futuro da Europa e da estabilidade internacional.

Beto Guimarães Takeshi é jornalista, colunista e pesquisador em política internacional.