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Pedra Bela,17/07/2025

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Rubens Bernardo Tomas

O Movimento Gay no Nordeste

Image by Moondance
O Movimento Gay no Nordeste

O movimento gay no Nordeste do Brasil tem uma trajetória rica, marcada por resistência, criatividade e enfrentamento das múltiplas violências estruturais da região. Apesar das dificuldades impostas por contextos conservadores, religiosos e econômicos, o movimento LGBTQIA+ nordestino teve (e tem) papel fundamental na luta pelos direitos civis e na afirmação das identidades sexuais e de gênero no Brasil.


1. Contexto histórico e social

O Nordeste sempre foi uma região marcada por fortes tradições religiosas e conservadoras. Isso influenciou diretamente a repressão a expressões de sexualidade dissidente. Apesar disso, os corpos dissidentes existiram e resistiram desde os tempos coloniais  especialmente nas festas populares, no teatro, nos terreiros e nas ruas.


2. Primeiras manifestações (anos 70 e 80)

  • Na esteira dos movimentos pela redemocratização do Brasil, surgiram também as primeiras organizações LGBTQIA+ na região.

  • Em Salvador, em 1980, foi criado o Grupo Gay da Bahia (GGB), por ativistas como Luiz Mott. É considerado o grupo LGBT mais antigo em atividade no Brasil.

  • O GGB teve papel fundamental na visibilidade nacional do movimento, promovendo denúncias de violências, homofobia institucional e lutando pela cidadania plena.

  • Nesse período, as principais ações eram educativas e jurídicas, buscando o reconhecimento da dignidade das pessoas LGBTQIA+.


3. Anos 90 – Expansão e visibilidade

  • Com o fortalecimento de ONGs e coletivos, o movimento se expandiu para outras capitais como Recife, Fortaleza, João Pessoa e São Luís.

  • Surgem coletivos universitários, movimentos culturais e grupos de resistência em comunidades  e periferias.

  • A Abertura das Paradas do Orgulho LGBT, mesmo enfrentando resistência, começou a acontecer em algumas capitais nordestinas, com destaque para Salvador e Recife.


4. Anos 2000 – Cultura, resistência e enfrentamento

  • A cultura virou uma das maiores formas de resistência. A música, o teatro, o audiovisual e os blocos carnavalescos passaram a incluir pautas de diversidade sexual com força.

  • Aparecem nomes como Karol Conká, Majur, Liniker e Johnny Hooker, muitos deles do Nordeste, como figuras públicas e símbolos de resistência.

  • O movimento travou disputas importantes contra a LGBTfobia institucional e religiosa. Muitas lideranças locais passaram a ocupar espaços políticos e sociais.


5. Lutas contemporâneas

  • O Nordeste hoje concentra alguns dos mais importantes festivais LGBTQIA+ do país, como o Nordestina Queer, o Festival Rec-Beat (com programação LGBT) e movimentos como o Batekoo e o Afrobapho.

  • Ainda assim, é uma das regiões com maior número de homicídios de pessoas LGBTQIA+, especialmente de pessoas trans e negras.

  • Os movimentos atuais têm foco interseccional: articulam sexualidade com raça, gênero, classe e território.

  • Muitos coletivos atuais são liderados por pessoas trans, travestis, negras e periféricas, como o Coletivo AMEM (PE), o TransViver (BA) e o Coletivo Juntas! (PB).


Conclusão

O movimento gay (e LGBTQIA+) no Nordeste não apenas resistiu às opressões históricas, como também reconfigurou a forma de lutar, sendo marcado por sua carga afetiva, estética, cultural e política. A resistência nordestina se dá tanto nas universidades quanto nas ruas, nos terreiros, nos palcos e nas redes sociais, mostrando que ser LGBTQIA+ no Nordeste é um ato profundo de coragem e criação.



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