Carmem de Lucca

Degelo nos polos em 2025: dados alarmantes confirmam tendência irreversível

O ano de 2025 trouxe novos recordes climáticos nos polos da Terra, com o aquecimento acelerado e perdas históricas de gelo no Ártico e na Antártida. Os dados oficiais de agências como Copernicus, NSIDC e NOAA confirmam sinais claros de que estamos vivenciando uma ruptura ambiental de longo prazo.
🌍 Extensão mínima de gelo
Antártida: no último verão do hemisfério sul, a extensão mínima de gelo marinho atingiu apenas 1,98 milhão km² em 1º de março de 2025, empatando com os registros de 2022 e 2024 como a segunda menor extensão já observada desde 1979 .
Ártico: em março de 2025, o gelo marinho do Ártico atingiu seu pico de inverno mais baixo desde que há registros, com 14,33 milhões km², cifra 1,31 milhão km² abaixo da média histórica (1981–2010) .
📉 Volume alarmante na Antártida
O volume de gelo marinho na Antártida registrou queda drástica em 2025: o mínimo atingiu 1.030 km³ em 5 de março, o que representa uma redução de 56% em relação à média entre 1993 e 2010 (2.390 km³) um valor próximo de recordes observados nos últimos anos.
🔥 Fenômenos extremos e condições globais
Inverno global excepcionalmente quente: fevereiro de 2025 foi o terceiro mês de fevereiro mais quente já registrado, com temperaturas globais 1,59 °C acima da média pré-industrial, duração contínua de 20 meses acima do limite de 1,5 °C previsto no Acordo de Paris.
Amplificação polar: o Ártico aqueceu quatro vezes mais rápido que a média global, o que reduziu drasticamente o gelo e expôs mais superfície escura para absorver calor, acelerando o derretimento.
🧊 Glaciares em colapso
De 2012 a 2023, os glaciares ao redor do mundo, excluindo as camadas de Groenlândia e Antártida, perderam 5% de seu volume total, com uma aceleração de 36% na última década comparada à anterior. Isso representa uma perda anual de cerca de 273 bilhões de toneladas de gelo mais que o dobro da perda incremental nas camadas continentais.
No Ártico, 95% do gelo multianual, especialmente o mais antigo e espesso, desapareceu desde 1985, reduzindo drasticamente a resiliência da cobertura polar .
⚠️ O que está em jogo
Impactos globais e colocação de marés: a fusão acelerada de gelo antártico e groenlandês contribui com cerca de 370 bilhões de toneladas de gelo derretido por ano, elevando o nível do mar e ameaçando regiões costeiras, que abrigam 230 milhões de pessoas sob risco existencial nas próximas décadas .
Perturbações climáticas extremas: a perda de gelo altera correntes oceânicas, intensifica ondas de calor e tempestades, seca agrícola, e aumenta eventos climáticos catastróficos em escala global.
Propostas drásticas sob debate: cientistas estudam geoengenharia, como espelhos espaciais, brightening de nuvens sobre o oceano ou cortinas subaquáticas para retardar o derretimento no Ártico. Embora ainda futuristas e controversas, essas intervenções refletem a urgência percebida .
🌐 Iniciativas globais
2025 foi declarada pela ONU como o Ano Internacional da Preservação dos Glaciares, com metas claras como: inventário global, políticas integradas de mitigação e adaptação climática, e ampliação do financiamento climático para regiões dependentes de água glacial culminando com a Declaração de Dushanbe aprovada em conferência realizada em Tajikistão entre maio e junho.
Os dados de 2025 não deixam margem para dúvida: o gelo nos polos está em rota de colapso, com recordes históricos de perda tanto de extensão quanto de volume. O Ártico e a Antártida avançam em um território crítico e irreversível, que não é apenas simbólico, mas impacta diretamente nossa estabilidade climática, segurança hídrica e futuro geopolítico.
Ficar parado não é opção. O desafio agora é transformar esses sinais em ação política global e local. Reduzir emissões, proteger comunidades vulneráveis e financiar soluções antes que a última camada de gelo realmente derreta.
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