Carlos Silva

Economia internacional em 2025: entre o respiro inflacionário e as novas guerras comerciais

A economia global em 2025 vive um momento ambíguo. De um lado, há sinais de desaceleração da inflação e estabilização de juros em economias centrais como Estados Unidos e União Europeia. De outro, novas tensões geopolíticas e uma onda protecionista impulsionam guerras comerciais, afetando cadeias de suprimentos e os fluxos de investimento global.
Inflação desacelera, mas incerteza persiste
Após os impactos da pandemia e da guerra na Ucrânia, que haviam elevado drasticamente os preços de energia e alimentos, os índices inflacionários começaram a cair. O Federal Reserve dos EUA manteve a taxa básica de juros estável em 4,75% pela maior parte do primeiro semestre de 2025, sinalizando uma postura mais cautelosa diante da melhora gradual da economia. Na zona do euro, o BCE também reduziu suas projeções de inflação para 2025 de 3,4% para 2,6%, de acordo com o último relatório do Eurostat.
Entretanto, a volatilidade nos preços de commodities especialmente petróleo, gás natural e grãos ainda preocupa. A insegurança alimentar continua elevada em países em desenvolvimento, segundo a FAO, e eventos climáticos extremos ampliam a pressão nos mercados agrícolas.
Crescimento do protecionismo e nacionalismo econômico
O governo de Donald Trump, reeleito em 2024, adotou medidas duras em 2025 no campo econômico, como a imposição de tarifas sobre carros elétricos chineses e sanções comerciais contra aliados da Rússia e Irã. As medidas têm provocado retaliações da China, que restringiu exportações estratégicas de minerais raros.
Segundo análise recente do World Trade Monitor, o comércio global cresceu apenas 1,3% no primeiro semestre de 2025 o menor ritmo desde 2020, excluindo o período da pandemia.
China e o reposicionamento global
A China enfrenta uma desaceleração econômica estrutural. A queda no setor imobiliário e o envelhecimento populacional afetaram o ritmo de crescimento, que caiu para 4,1% em 2025, segundo dados do National Bureau of Statistics (NBS). Ainda assim, o país tem avançado em acordos bilaterais com o Sul Global, como parte da Iniciativa do Cinturão e Rota.
América Latina entre reformas e vulnerabilidades
A América Latina sente os reflexos da economia internacional com menor fôlego. O Brasil, embora mantenha estabilidade cambial e inflação controlada, lida com um crescimento modesto e uma dívida pública que ainda preocupa investidores. A Argentina, após o acordo emergencial com o FMI em abril de 2025, busca retomar a confiança internacional.
Novas moedas digitais soberanas e desafios
Mais de 40 países já testam ou implementam moedas digitais de bancos centrais (CBDCs). O yuan digital e o euro digital estão em expansão, enquanto o dólar digital avança em testes-piloto com instituições financeiras. Especialistas do Banco de Compensações Internacionais (BIS) alertam para os riscos de fragmentação e vigilância excessiva nesses sistemas.
A economia internacional em 2025 mostra sinais de recuperação e inovação, mas caminha sobre terreno instável. Tensões políticas, nacionalismo econômico e desafios climáticos formam uma equação que desafia a cooperação global. O cenário exige diplomacia econômica, foco em sustentabilidade e reforço às instituições multilaterais.
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