Marilu Gomes

População Preta

População preta no Brasil: desafios, conquistas e luta por igualdade
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população preta representa cerca de 10% dos brasileiros, enquanto os autodeclarados pretos e pardos somam mais de 56% da população, tornando o Brasil o maior país negro fora do continente africano. Apesar da expressiva presença numérica, a população preta ainda enfrenta desafios históricos relacionados ao racismo estrutural, desigualdade social e acesso a direitos básicos.
Historicamente, o Brasil foi o último país das Américas a abolir oficialmente a escravidão, em 1888, com a assinatura da Lei Áurea. No entanto, o fim formal da escravidão não foi acompanhado de políticas públicas de inclusão. Isso resultou em uma marginalização duradoura da população negra, refletida até hoje em indicadores sociais, como renda, educação, saúde e segurança.
De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), pessoas pretas e pardas ganham, em média, 56% do rendimento das pessoas brancas. No campo educacional, a presença de pessoas pretas nas universidades aumentou graças a políticas de cotas raciais, mas ainda há desequilíbrio no acesso a cursos de prestígio e nas taxas de evasão.
A violência também atinge desproporcionalmente a população preta. O Atlas da Violência 2023 revelou que jovens negros são as principais vítimas de homicídios no país, representando cerca de 77% dos casos registrados.
Apesar disso, movimentos sociais e culturais têm fortalecido a luta por reconhecimento, igualdade e reparação. A valorização da cultura afro-brasileira, o fortalecimento da identidade negra e as políticas de ação afirmativa têm contribuído para mudanças importantes ainda que lentas no cenário nacional.
A pauta racial segue como uma das mais urgentes no Brasil. O avanço em direção a uma sociedade mais justa depende, em grande parte, do enfrentamento do racismo em suas várias formas e da promoção de políticas públicas comprometidas com a equidade racial.
Dados estatísticos:
Conforme dados da PNAD Contínua de 2022, a parcela da população que se declara preta saltou de 7,6% em 2012 para 10,6% em 2022, no Brasil.
O Censo Demográfico 2022 confirmou esse crescimento: os autodeclarados pretos passaram de 14,5 milhões em 2010 (7,6%) para 20,7 milhões em 2022 (10,2%) – um aumento de 42,3%.
Simultaneamente, houve queda na proporção de pessoas que se declaram brancas (de 47,7% em 2010 para 43,5% em 2022),
Os pardos tornaram-se o grupo maioritário pela primeira vez na história, agora com 45,3% da população (cerca de 92,1 milhões) .
Segundo especialistas, além de fatores demográficos, esse fenômeno reflete também uma valorização crescente da identidade negra, especialmente entre os jovens.
Entre os 5.570 municípios brasileiros, apenas nove têm maioria de pessoas pretas, sendo oito na Bahia e um no Maranhão .
O índice de envelhecimento (pessoas com 60+ por grupo de 100 até 14 anos) foi de 108,3 para a população preta, indicando um envelhecimento maior que em pardos, mas menor que em brancos (98,0) .
No Brasil, vivem em favelas cerca de 16,4 milhões de pessoas (8,1% do total), com a população preta representando 16,1% e os pardos 56,8%, perfazendo 73% dos moradores dessas áreas.
Entidades como o Geledés – Instituto da Mulher Negra atuam com campanhas políticas, educação e saúde para combater o racismo e sexismo.
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