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Pedra Bela,17/07/2025

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Regina Papini Steiner

Roubo e compulsão: entre o crime e o sintoma social


Roubo e compulsão: entre o crime e o sintoma social

Roubo e compulsão: entre o crime e o sintoma social

Por trás de muitos furtos aparentemente banais pequenos objetos em supermercados, itens de vestuário ou produtos cosméticos  pode haver mais do que a simples intenção criminosa. O roubo, especialmente em sua forma mais impulsiva, pode ser a face visível de um problema psíquico invisível: a compulsão.

A cleptomania, transtorno reconhecido pela medicina, é caracterizada por um impulso incontrolável de furtar objetos, muitas vezes sem valor ou utilidade para quem os leva. Não se trata de uma decisão fria e calculada, mas de um impulso que se impõe à razão. E é nesse ponto que o jornalismo precisa ir além da manchete e da criminalização fácil. É necessário compreender o que está em jogo quando falamos de compulsão.

A sociedade capitalista contemporânea estimula o consumo de maneira frenética: propagandas, vitrines e redes sociais oferecem constantemente uma promessa de felicidade vinculada ao ato de comprar. Para alguns, esse apelo se transforma em vício. Para outros, em frustração. Em um país onde milhões vivem em condições precárias, o desejo de pertencimento pode se distorcer e se tornar doença  ou crime.

Mas até que ponto um roubo é um caso de saúde mental, e quando é apenas fruto da malícia ou da necessidade extrema? A fronteira é tênue e exige uma análise cuidadosa. O Judiciário, muitas vezes, não está preparado para lidar com essas nuances. Em vez de tratamento, o sistema penal oferece punição  e o ciclo se repete, com reincidência e marginalização.

Não se trata de justificar atos ilícitos, mas de humanizá-los. Um olhar jornalístico responsável deve se perguntar: o que leva uma mulher de classe média a furtar maquiagem? Por que um adolescente pega algo que poderia comprar? Será que o roubo, em certos casos, não é também um grito por ajuda?

Ao abordar a compulsão como um sintoma e não apenas como delito, ampliamos o debate e pressionamos por políticas públicas de saúde mental, educação emocional e acolhimento. Afinal, nem todo furto é sobre o objeto levado  às vezes, é sobre o que falta por dentro.

por Regina Papini Steiner



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