Regina Papini Steiner

Netos e netas: os fios que costuram gerações

Netos e netas: os fios que costuram gerações
Há algo de profundamente simbólico no vínculo entre avós e netos. Em um mundo onde tudo parece acelerar, os netos e netas reapresentam à família um tempo novo aquele da descoberta, do futuro, da continuidade. Ao mesmo tempo, são eles que também escutam histórias antigas, herdando saberes e afetos que não cabem em livros.
Ser neto ou neta não é apenas um lugar de carinho e mimo, como costuma ditar o senso comum. É, sobretudo, um papel fundamental na preservação da memória afetiva e cultural de uma família. São os netos que, muitas vezes, resgatam a importância do que parecia esquecido: uma receita de bolo, um sotaque, uma música da infância dos avós.
Na outra ponta, ser avó ou avô hoje já não significa apenas a imagem do cabelo branco e da cadeira de balanço. Os tempos mudaram. Muitos avós ainda trabalham, estudam, viajam. E justamente por isso, o afeto entre as gerações se reinventa: num bilhete deixado, numa chamada de vídeo, numa dança no TikTok.
É preciso valorizar esse elo intergeracional. Numa sociedade marcada pela pressa e pela solidão, os vínculos entre avós, netos e netas são resistência. Eles constroem pertencimento. E mais: lembram que família, no fim das contas, é feita de presença não só física, mas emocional.
Talvez esteja aí um convite: escutemos mais nossos avós. Abracemos mais nossos netos. Porque nessa troca de olhares e gestos simples, se costura o que há de mais valioso entre as gerações o afeto.
por Regina Papini Steiner
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